quinta-feira, 27 de agosto de 2015

ESTADO LAICO NÃO É ESTADO ATEU

O laicismo é uma doutrina filosófica que defende a neutralidade do Estado em matéria religiosa. Os valores evidentes do laicismo são a liberdade de consciência e a origem humana das leis do Estado. Por princípio, a laicidade opõe-se ao clericalismo. A laicidade é, portanto, uma condição do Estado Democrático de Direito e não exige nenhuma interpretação, ou seja, não deve ser entendida de acordo com as características históricas e culturais da nação sob nenhum pretexto. Qualquer tentativa de distorcer o conceito de laicismo caracteriza a má-fé dos que fazem qualquer coisa pra manter os privilégios da religião junto ao Estado. Vale ressaltar que, embora justifiquem sua conduta alegando que o Estado deve respeitar os valores religiosos da sociedade, na prática, os únicos interesses que representam são os do próprio clero, interesses esses que a sociedade deve forçosamente respeitar. Quando um jurista diz que "Estado Laico não é Estado Ateu" e ministros, desembargadores e parlamentares vão repetindo como um mantra, a expressão passa a representar o sinônimo de laicidade, dando azo ao proselitismo religioso, especificamente cristão, em todas as instâncias do Estado e até mesmo dentro do Congresso Nacional. Os inescrupulosos fazem isso porque o deus que cultuam é reverenciado já no preâmbulo da Carta Magna, haja vista que o deus com D maiúsculo é, sem dúvida, o deus judaico-cristão e isso só pode ser negado com uma dose muito grande de desonestidade da parte daqueles que dizem que a Constituição faz menção a um deus "genérico". (desses que podem ser encontrados em qualquer drogaria). Assim, maliciosamente, o constituinte tornou o deus judaico-cristão um deus constitucional colocando seus representantes, ou seja, o clero, como um poder independente, acima de tudo, até mesmo do Estado. Será tão difícil assim admitir que colocar o Estado Laico sob a proteção de um deus é contraditório, irreconciliável e estúpido? Sim. É estúpido. Mas ninguém tem coragem de apontar uma estupidez quando esta defende o deus judaico-cristão. Assim, o Estado vai caminhando, tentando se defender das ofensivas dos religiosos promovendo audiências públicas, congressos e cafés da tarde para discutir os problemas que não existiriam se não fosse pela estupidez do constituinte em atender exigências de um clero cujo autoritarismo o eleva ao supremo poder da Nação.

Postado por
Silvia Reis

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