domingo, 28 de junho de 2015

O MAL QUE O FUNDAMENTALISMO CAUSA NA EDUCAÇÃO


Tenho a missão de ensinar adolescentes do terceiro ano do Ensino Médio a produzirem textos argumentativos, do tipo que são exigidos no ENEM, nos vestibulares, nos concursos públicos. E me deprimo vendo pessoas que não sabem o que fazer diante de textos dissertativos usados como modelos. A maioria lê e não acrescenta nada em favor ou contra a tese defendida; aceitam o texto como aceitamos que as tartarugas põem ovos.
Quando exponho um texto com perguntas subjetivas, limitam-se a responder sim ou não, sem argumentar ou acrescentando uma frase curta que em nada justifica o sim ou o não escrito anteriormente.
Tenho me dedicado a usar a Constituição em sala de aula, principalmente em aulas de Gramática, para que os adolescentes comecem a entender o que é um Estado de Direito, liberdades individuais, Direitos Humanos etc. Para que compreendam que não vivemos mais sob soberanos de poderes ilimitados como aqueles reis da Bíblia -- o rei Assuero, por exemplo, teve o poder de determinar o extermínio dos judeus. Frequentemente comparo a República brasileira aos reinos britânicos, para explicar-lhes conceitos como República e monarquia moderna, chefes de Estado e de governo.
E a juventude criada sob a influência dos fundamentalistas não sabe duvidar, não compreende que dizer que alguma coisa é um mandamento ou um pecado não é justificativa para pautar a vida de uma sociedade. Está então explicada a razão por que tanta gente recebe zero na nota do ENEM.
Nunca foi tão fácil checar informações. O Google está aí para isso. Mas qualquer frase sensacionalista vinda desses líderes e instituições é tida como verdade, como se fosse possível a um parlamentar propor mudanças na Bíblia -- livro que não foi produzido por nenhum parlamento e é um clássico universal -- ou obrigar crianças a mudarem de sexo.
De nada adianta presentear essa juventude com laptops, tablets e outras parafernálias tecnológicas se ela não aprender a questionar e a argumentar. E o fundamentalismo existe para impedir-lhes o desenvolvimento do pensamento crítico.

Segue uma entrevista com o professor Roelf Cruz Rizzolo que aborda essa temática de forma explêndida:




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