terça-feira, 28 de abril de 2015

CIÊNCIA SÓ QUANDO INTERESSA


Acabo de ler uma reportagem, publicada por O GLOBO, neste 21 de abril de 2015, sobre a transexual Maitê Schneider. Fico pasmo com os comentários dos religiosos na versão digital do jornal.

Um diz que o dinheiro público não deveria ser gasto com essas cirurgias efetuadas pelo SUS em detrimento de outros gastos com Saúde. Bem, se faltam remédios ou material hospitalar em Pindamonhangaba ou em Juazeiro do Norte, a culpa não cabe aos transexuais. Mas quem argumenta assim não abre a boca para dizer que se gasta mais tratando doenças do que prevenindo doenças -- quando sabemos que cada real investido em saneamento básico implica na economia de quatro reais em tratamentos médicos. E eu lembro sempre a máxima de Drauzio Varella, de que a medicina existe para aliviar o sofrimento. E é isso que as cirurgias de redesignação sexual fazem: diminuem o sofrimento de quem não se reconhece no corpo em que nasceu.

Outro diz que ela nunca será mulher porque tem o cromossomo Y, o invés dos cromossomos XX. Eu pergunto a esses religiosos, que sustentam a veracidade da fábula da cobre falante: vocês sabem definir, explicar, o que é um cromossomo? Já viram um cromossomo? Cromossomo, para eles, é apenas uma palavra usada para negar aos transexuais o direito de decidirem sobre o próprio corpo.

Essa desonestidade intelectual me enoja.

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