domingo, 10 de agosto de 2014

ROSA LUXEMBURGO, MONTESQUIEU E O DÍZIMO


A globo anda incomodada com o crescimento dos evangélicos e suas repetidas comédias querem nos convencer que foram as igrejas evangélicas que inventaram o dízimo, como se a Igreja Romana nada dissesse sobre o assunto.
Pagar o dízimo é ponto pacífico em todas as igrejas que conheço. Mas de onde se originou essa prática?
Todas elas vão dizer que tem base na Bíblia. De fato, o "Gênesis", o primeiro livro da "Torá", o livro da lei, cujas histórias tem a intenção política de explicar o conteúdo da lei expressa nos outros quatro, diz que o primeiro a pagar o dízimo foi Abraão que, indo guerrear, prometeu a Melquisedeque, que, na cidade de Salém, acumulava as funções de rei e de sacerdote, dar a décima parte do que obtivesse na guerra para Deus, de quem ele, Melquisedeque, era representante.
Quando se dá a conquista de Canaã (Palestina), a terra é dividida entre 11 tribos e a tribo de Levi nada recebe, porque os que nascessem nessa tribo estavam destinados ao sacerdócio e, por isso, deveriam ser sustentados pela comunidade dos fiéis, mediante o dízimo.
O único momento em que o Novo Testamento fala de dízimo é quando Jesus esbraveja contra os fariseus: "Naquele tempo, Jesus disse: “Ai de vós, fariseus, que pagais o dízimo da hortelã, da arruda e de diversas ervas e desprezais a justiça e o amor de Deus. No entanto, era necessário praticar estas coisas, sem contudo deixar de fazer aquelas outras coisas." (Lucas 11: 42). Mas Cristo falava de uma prática necessária ao culto judaico, não para a Igreja que ainda não tinha nascido. (A Igreja nasce, conforme ensina o Vaticano, no dia de Pentecostes, quando o Espírito Santo desce sobre os fiéis.)
Não há nenhum registro na Bíblia de que a Igreja cristão primitiva recebesse dízimos. Pelo contrário: entre eles não havia propriedade privada: quem ingressava na comunidade vendia seus bens e entregava tudo para ser administrado pelos apóstolos, conforme diz o livro de Atos 2, 32. Razão pela qual, no início do século XX, a líder comunista Rosa Luxemburgo ter tentado a aproximação entre comunista e cristãos no livro "O Socialismo e as Igrejas - O comunismo dos primeiros cristãos", dizendo que a Igreja primitiva teria sido a primeira experiência socialista. Já ouvi dizer que, no século XIX, Karl Marx teria dito o mesmo, mas eu não li o texto dele.
Mas, segundo Montesquieu, a Igreja passou séculos sem cobrar o dízimo de seus fiéis. Apenas quando o imperador Carlos Magno apoderou-se de valiosas propriedades da Igreja, autorizou que ela cobrasse o dízimo como compensação. Ele explicou isso no capítulo XII do livro trigésimo primeiro da sua grande obra "Do Espírito das Leis". Procurem na biblioteca pública mais próxima e confiram. Mandem cópia para Edir Macedo, Waldemiro Santiago, R. R. Soares, Silas Malafaia e para o papa Francisco.

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