domingo, 10 de agosto de 2014

O SINO


Já falei em outro texto aqui que, no Brasil, a separação entre Igreja e Estado se deu de Direito e não de fato, pois os sucessivos governos continuaram agindo como se a Igreja Católica fosse a igreja oficial do Estado.
Um exemplo disso é o caso que vou contar: estive ano passado em Ouro Preto e várias pessoas me disseram para visitar a Igreja do Padre Faria (mas no corre-corre acabei não visitando. Tenho que voltar lá para visitá-la). A razão desse amor das pessoas por aquela igreja é a seguinte: o padre Faria foi o primeiro padre de Ouro Preto e aquela a primeira igreja. O padre Faria já tinha morrido quando Tiradentes foi enforcado. Mas o substituto do padre Faria foi o único sacerdote que teve dó do Tiradentes e se atreveu a bater o sino em homenagem a ele, lamentando sua morte.
Pois bem. Brasília foi inaugurada em 21 de abril de 1960, dia de Tiradentes. Para comemorar a data, Juscelino levou esse sino para bater na capital durante a cerimônia de inauguração.
Anos depois, quando Tancredo Neves morreu, não sei foi ideia da viúva ou do vice José Sarney (cuja erudição e devoção são inquestionáveis) o sino foi levado de novo à Brasília para bater nos funerais de Tancredo.
A diferença é que hoje a Igreja Católica perde terreno e a bancada evangélica tenta fazer com que a crença evangélica seja a religião do Estado, de fato embora ainda não de Direito, como a católica sempre foi.


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