quinta-feira, 6 de março de 2014

Talvez a culpa seja das crianças - Até onde desce o nível da necessidade demagógica de se salvar preceitos falidos


Talvez a culpa seja das crianças. Talvez a sedução, tão explicita em pouco mais de 4, 5 ou por esta faixa etária, seja responsável pela lúgubre ação de padres e clérigos que se propõe ao celibato e o inferem – contra seus “legítimos” dogmas – às práticas luxúricas.

Por vezes, mas mais natural do que gostaríamos e mais utilizado e em várias áreas do que deveria haver, a falácia post hoc, ergo propter hoc[1] se presenteia aos nossos olhos em praticamente todos os debates – pragmáticos, práticos ou não – que presenciamos ou que por seus resultados norteiam nossas vidas. Saber interpretar acaba por ser uma capacidade lamentavelmente incorrente.

Mas, como sempre, nos vem à tona afirmações que mexem com vários aspectos humanos – morais ou naturais – e nos põe a pensar em que aspectos ainda nos motivariam para entender o ser humano em sua plenitude. Quando um bispo polonês responsabiliza crianças pela pedofilia ocorrida na igreja católica[2] começamos a ver até onde desce o nível da necessidade demagógica de se salvar preceitos falidos de um grupo com intenções de dominação. Lógico que existem preceitos e pessoas dentro deste grupo tão extenso que abominam e até lutam contra isso, mas na mente – muitas vezes insana – dos líderes a chamada “unidade” é mais importante que as consequentes e tenebrosas ocorrências dos atos que sucedem as ações a fim de manter a acima citada.

Assim chagamos ao seguinte aspecto: imputa-se na mente da criança a culpabilidade quase irrestrita das ações nefastas daqueles que, como formados adultos e ditos responsáveis por larga gama de intentos que deveriam levar a reflexões de compaixão, deteriorando uma consciência em formação, e que estará marcada para sempre nesta dor. Não o ato, em si. A criança muitas vezes não possui o discernimento da compreensão que esta estacada em nós adultos. Saber o que é bom ou ruim são ações de consequências físicas e fortemente emocionais, e instantâneas. Mas as consequências ao adulto provindo destas agressões são eternas. Poderíamos dizer, inclusive, da quantidade de pessoas que mesmo passando por situações assim tornaram-se boas pessoas, socialmente interessantes e ajustadas dentre de si mesmas, mas é humano agir de maneira a ignorar a integridade da pessoa – na plenitude de sua infância ainda por cima – pelo capricho

[1] expressão latina que significa “aconteceu após um fato, logo foi por ele causado”
[2] Bispo polonês e a responsabilidade das crianças na pedofilia - Jornal GGN

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