segunda-feira, 29 de julho de 2013

A direção da discussão


          Uma chatice. Não especificamente a conceituação da discussão ‘religiosos x ateus’, mas a completa discrepância encontrada nas argumentações propostas. Tem sido muito comum em redes sociais a deflagração dessas vicissitudes, bem como “colunistas” e “jornalista âncoras” proferirem sofismas a fim de embargo e apoio popular, decorrente possivelmente da – além a clássica falta de informação – omissão dos delatores discursivos de compreenderem melhor o que pensam suas virtudes e falhas, sem conceitos e pré-conceitos. Estou falando do próprio indivíduo, que não consegue relacionar tudo que vê, ouve, cheira, toca, palada com um extrapolar de ideias e levar ao cerne do outro.
          O ateísmo, antes de tudo, é um conceito milenar (tanto quanto a própria religiosidade) que se enfoca na não_crença_divina. Esta não crença pode ser extrapolada para tudo que remeteria ao conceito de divino: crenças, superstições e alguns outros que foram forçosamente entrelaçados para o benefício daqueles que procuravam deter o poder sobre uma maioria alienada, como guerras, usurpação de direitos – principalmente o da informação – e má fé do uso da “naturalidade espiritual” que ronda as mais paupérrimas classes, habitantes da malfadada base da pirâmide social. Mas isso não é surpresa para ninguém.
          Assim como não é surpresa a “nova (deve ter pelo menos várias décadas) técnica” de abnegação à realidade vigente: A teologia da prosperidade. Esta trata basicamente de duas coisas que as pessoas anseiam demais, alguém dizendo o quanto você é especial e um papai do céu para soprar seu joelho machucado ao cair da bicicleta de rodinhas. Ideias como estas, propostas por eloquentes oradores como Billy Graham (provavelmente o primeiro “grande pregador”), John Hagee, Franklin Graham (filho do primeiro), Max Lucado, Joyce Meyer, Silas Malafaia, Edir Macedo, dentre muitos outros1. Esta estratégia para se angariar pessoas foi primeiramente vista nas prateleiras centenárias de mercearias nos Estados Unidos, mas seus estudos mais aprofundados se deram através de conceitos filosóficos, como nos escritos de P. T. Barnum em "The art of money getting", H.L Hollingworth com o "Advertising and selling" e muitos outros (mas que as vezes tendiam ao charlatanismo)2. Estes se deram muito em função do desenfreado e violento crescimento das indústria norte-americanas e, após isto, a necessidade de se melhorar a imagem das mesmas.
          A insistência com que tais ideias eram apregoadas era a chave mestra para se imputar qualquer ideia ao consumidor, e esta máxima se vale também para o convencimento de uma massa de pessoas, tendendo a crer ou não. A ‘cegueira’ vislumbrada neste post procura não fazer distinções, uma vez que mesmo àqueles que parecem tender a se desraigar das amarras do comprometimento inócuo fogem um pouco da vastidão que lhes é apresentada neste novo parâmetro. Conviver com a (possível) antiga realidade torna-se um desafio, que (também possivelmente) todos parecemos querer entrar. Mas muitas vezes escolhemos as perguntas erradas, e não vemos que podemos nos deparar com um fosso que separa nossa razão da nossa vontade.
          Em suma, quando alguém ‘declara-se ateu’, esta é uma concordância que este faz para uma larga compreensão. Compreensão esta que necessita de novos vislumbres, novas informações e, por que não, novos conceitos. Não é pensar “E se eu estiver errado?”, mas “Qual a razão de eu seguir este caminho?” Isso vale para todos que querem – e precisam – entrar numa boa discussão sobre a razão e continuar evoluindo, como espécie e como indivíduo. Lembrem-se que foi dito aqui ‘crenças, superstições e alguns outros que foram forçosamente entrelaçados para o benefício daqueles que procuravam deter o poder sobre uma maioria alienada', mas não foi dito se esta alienação é vinculada diretamente à época, lugar, regime e/ou cultura de que falamos pois, em alguns desses diferenciais citados agora, a alienação não era descrédito, tão pouco virtude, apenas não existia, por não existir o conhecimento e fato ao alcance de todos. 

1 Milionários da fé / Billy Graham -Wikipédia
2 Marketing da fé- Wikipédia


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#HD

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